Seções

26 agosto, 2010

Frase da Semana

"A arte em si é um meio, não o produto final." - Felipe Andrade

24 agosto, 2010

Promoção: 1 Ipad ou 100 livros?



Leitores do Astronauta, o portal da rede de relacionamentos Skoob, voltado para a literatura, está com uma promoção fantástica! Entrando neste link aqui e fazendo seu cadastro no site, você concorre a 1 Ipad ou 100 livros à escolha!

Ah, e copiem o link: http://www.skoob.com.br/promocao/codigo/235240 e divulguem o máximo que puderem (twitter, msn, orkut, facebook etc), para aumentar ainda mais as chances de ganhar. =D


Vale a pena participar!


Confesso que apesar de amar livros, escolhi o Ipad...

23 agosto, 2010

Conto - Lua Azul


Um dia eu acordei procurando o sol. Para a minha surpresa, era noite.
Debrucei-me na janela de meu quarto, e pus-me a olhar para o céu.
Lá em cima, adornada por sóis de mundos distantes, vi o pálido espelho do mundo.
Cada ponto brilhante imerso no manto escuro era um plano. Uma realidade intocável.
Cada uma emanando respeito e mistério, velados pelo silêncio de nossa imaginação.
Mesmo os que há eras deixaram de existir, insistiam em fulgurar na cúpula escura.
Deuses esquecidos. Vestígios de civilizações. Histórias trágicas. Supernovas.
Cada ponto, um fragmento do infinito. Cada estrela, uma eternidade registrada.
E em meio à todas elas, havia o espelho.

A lua pra mim sempre pareceu distante e ilusória. Um mero relato da fascinação humana.
Sem graça, superestimada. A deusa inalcançável, mundanizada pelo fogo e pelo metal.
Colocaram-lhe os pés. Fincaram-lhe uma haste. Por sua fraqueza, nunca amei a lua.
Mas naquela noite, no momento em que busquei o sol em plena madrugada, eu vi.
Vi a resignação de uma dama maculada, dançando em silêncio ao redor de seu captor.
O silêncio do espelho refletia o ruído da imagem original.
Era uma canção estridente. Uma música de desorientação e caos. Lamúrias infantis.
Sob o sol, e a luz, e o céu claro, e as nuvens fugazes, não nos dávamos conta da cacofonia.
Não ouvíamos a palpitação de nosso sangue. O refluxo de pensamentos e medos.
Não se ouvia mais as voz de Deus.
Havíamos calado a boca do mundo, gritando mais alto do que podíamos ouvir.
Matamos o silêncio.

Um dia eu acordei procurando o sol. Para a minha surpresa, era noite.
Naquela noite, dormi procurando a lua. Para a minha surpresa, era dia.
Naquela hora, descobri que não sabia o que procurava.
Para a minha surpresa, continuo sem saber.

 __________________________

Nota de Curiosidade: Para quem nunca ouviu a expressão lua azul, ela vem do termo em inglês "blue moon", que serve tanto para designar a segunda lua cheia de um mês, quanto para descrever algo raro e que inspira tristeza. Em alguns contextos também pode significar um feito impossível de ser realizado.

Conto - O Troll da Ponte

Para os meus queridos leitores do Astronauta, segue mais um trecho do meu livro de humor, No Reino de Bundhamidão: Os Confins de Lambródia.


 Como todo bom troll, Félix morava debaixo de uma ponte. Não porque queria. Tampouco por ter interesse em preservar esta histórica tradição de sua raça, mas sim porque estava definitivamente desabrigado e sem rumo.

Há cerca de três anos o troll-ha perdeu seu emprego como vigia noturno de um pequeno armazém de suprimentos do Totem Fumegante. E rapidamente se viu deixando para trás uma vida estável – porém pouco opulenta – para fazer parte de outro nicho social, preocupantemente denominado pelo governo como “índice de desemprego”.

Félix não era mais um trabalhador (mal) assalariado, mas sim uma estatística.

Um fato curioso por trás deste evento, é que embora quase ninguém se desse conta disso, o tal índice que tanto preocupava o governo era justamente um reflexo direto das ações do Triarcado. Para criar novos empregos e arrecadar mais impostos, o governo passou a contratar um número vertiginosamente alto de fiscais e cobradores. Estes eventualmente acabavam fazendo um ótimo trabalho, e por consequência quebravam várias pequenas empresas, sufocadas pela opressiva carga tributária de Bundhamidão. Isso causava ainda mais desempregos, logo, mais fiscais eram contratados pelo Triarcado.

Claro, após alguns meses neste ritmo, o governo finalmente se deu conta de que em breve toda a população economicamente ativa de Bundhamidão seria formada por cobradores, e que no futuro não haveria mais de quem arrecadar impostos.

Vendo que seu esquema brilhante havia falhado, o Triarcado tomou uma sábia decisão: abandonou o programa de geração de empregos e passou a ignorar todos os problemas econômicos da região. Pode-se dizer que este novo plano de gestão está melhor do que o esperado...

______________________________________

- Pois é... É aqui que eu moro! – disse Félix, com um pavoroso sorriso amarelo estampando-lhe o rosto.

Vicente olhou para Moren 2, procurando algum conselho velado. Mas o anão limitou-se a escarrar educadamente aos pés de Félix.

- Mas que grande merda de lugar! Já limpei fossas mais agradáveis lá no Beco da Bosta! – concluiu, com franqueza.

Por mais estranho que fosse, Félix não pareceu nenhum pouco desconcertado. Na verdade chegou a abrir um sorriso, inspirando um misto de pena e medo em Vicente. Seus dentes, grandes como facas, brotavam da gengiva esverdeada de modo tão aleatório, que alguns pareciam estar crescendo de fora para dentro da boca.

- Pelo menos aqui eu não pago impostos... – disse o troll-ha, em um suspiro – E não é tão ruim depois que você se acostuma com o frio... e as chuvas... e o fedor... e as pulgas... e os assaltos... e os mosquitos... e a vizinhança... – cada item que falava fazia o anão franzir ainda mais as sobrancelhas, e o garoto apertar mais os nós dos dedos.

- ...E os magos também... - concluiu Félix.

Vicente saiu de seu transe momentâneo – Magos? Existem magos aqui perto?

...
______________________________________

Curtiram? Não? Tudo bem, não se pode agradar a todos mesmo. Mas se gostaram aguardem, que até o começo do ano que vem estará nas livrarias. =D

21 agosto, 2010

Do zero ao infinito

O Tide Astronaut Arcade desta vez traz para vocês o cativante mini-documentário interativo, The Scale of the Universe. Outro campeão de acessos do Newgrounds.


Jogo: The Scale of the Universe
Descrição: Na verdade TSotU não é um jogo propriamente dito, mas sim uma animação em flash interativa. O programa, como o nome já diz, ilustra as incríveis dimensões de nosso universo - desde as infinitesimais partículas subatômicas aos colossais fenômenos de proporções galáticas. Tudo isso com uma bela trilha sonora e textos explicativos. Vale a pena se maravilhar com a ideia.
Avaliação do Público: 4.47 / 5.0 - Site Oficial
Avaliação Pessoal: "Que sono..." (depois que já se viu pela 1ª vez)

Fonte: Newgrounds

20 agosto, 2010

Deliver Me to Hell

Deliver Me to Hell é um jogo interativo criado para o youtube, parte da fantástica campanha de marketing interativo promovida pela Hell Pizza, da Nova Zelândia. No jogo, composto de cenas que simulam a história de um entregador de pizza trabalhando durante um apocalipse zumbi, o expectador deve fazer as escolhas pelo protagonista.

A campanha, além de criativa, foi executada com ótima qualidade gráfica. Dêem uma olhada abaixo e tentem entregar a pizza com sucesso.



Se bem que com uma loira dessas, a pizza é o de menos...

15 agosto, 2010

Novidades, concursos e vagas de emprego

Queridos leitores do Astronauta, aí vai um post 100% destinado àqueles interessados em oportunidades de estágios, empregos, concursos e promoções. Sei que está meio tarde pra falar do Desafio Sebrae, mas para me redimir de não tê-lo divulgado aqui antes de seu início, seguem alguns links ótimos para vocês:

América Latina Logística - vagas para trainees de diversas áreas, na maior empresa de logística da América Latina e maior companhia ferroviária do Brasil.

Prêmio Santander Empreendedor - prêmio destinado à projetos de pesquisas científica de universitários.

Concurso Laboratório de Ideias LG - concurso de ideias criativas, para resolver questões do dia-a-dia.

Programa de Trainees 2011 da Philip Morris Brasil  - vagas para trainees pelo maior programa de seleção de mão-de-obra qualificada do mundo.

Confiram!

10 agosto, 2010

Frase da Semana

"Pense em tudo o que nossa geração não levou adiante." - Leonardo Zarpellon

Conto - Fome

Conto escrito especialmente para o livro Terra Devastada, que será lançado em breve pelo promissor estúdio A Casa de Plástico. O livro-jogo trará a temática (apreciada por muitos) de zumbis em um cenário pós-apocaliptico.

Agradeço ao John Bogéa e ao Fabrício Caxias por terem me convidado para escrever alguns contos para o livro. Obviamente não vou colocar todos aqui - e nem mesmo os melhores, vocês precisam comprar o livro pra conferir! =}

Mas eis uma amostra bem simples do que está por vir.



Sabe, eu sempre achei a vida uma brincadeira de mau-gosto. Como se Deus, ou o que quer que exista por trás disso tudo, ficasse olhando pra nós o tempo inteiro só esperando o momento em que estamos felizes ou aliviados, para então nos enterrar em desgraças. Antes eu achava isso, hoje tenho certeza.

Cara, por quanto tempo eu aguentei? Por quantos malditos meses eu sobrevivi nesse inferno? Uma hora nesse lugar já se parece com uma década. Porra, eu sabia que não devia ter saído do abrigo. Falei pra Elisa e pro Cid mais de mil vezes que os lazarentos se guiam pelo cheiro e pelos sons, andar de noite só é pior pra nós, que dependemos da visão. E agora... Ah, agora já era...

O idiota do Cid foi cercado. O que eu podia fazer? Arriscar a minha vida? Aprendeu a lição tarde demais.

A Elisa está aí, inteira, viva, sem nenhum arranhão. Dormindo do meu lado aqui no sofá, derrubada pelo cansaço e pelas drogas que ela usa toda noite pra se dopar. Só vai acordar amanhã de tarde. Essa vadia inútil.

E eu com essa puta mordida no braço esquerdo, que mais parece um ninho de moscas. Nunca pensei que infeccionasse tão rápido. Se não fosse pela morfina eu tava fodido. Fiquei sabendo que muitos morreram por menos; arranhões e tal. Mas eu não ligo. Devo ser um dos que são imunes, se é que tem imunidade contra essa praga. Já levei uns duzentos arranhões antes.

Claro que se eu mostrasse pra Elisa ela já teria metido um balaço na minha cabeça, então fiquei quieto. Se duvidar nem vai dar em nada. Antibióticos, álcool, morfina, alguns pontos e já fico novo em folha pela manhã. Se supurar eu amputo, sem choro.

Só o que realmente incomoda é essa febre. Cara, eu tô morrendo de frio. Parece que quanto mais conhaque eu tomo, mais gelado fico. Me aninhei num monte de cobertores, lençóis, roupas e o escambau, mas continuo tremendo. Minhas mãos estão insensíveis por causa da febre e minha visão tá toda embaçada. A última vez que me olhei no espelho eu parecia um fantasma de tão pálido. Vomitar sangue me deixou mesmo bem abatido...

Será que os lazarentos sentem isso? Ou estão podres demais pra sentir qualquer coisa?

Ah, foda-se... Amanhã vou estar melhor. Na pior das hipóteses acordo a Elisa e peço uma sopa ou alguma outra coisa quente pra comer.

Aliás, que fome desgraçada...

Era uma vez...

...um escritor que tinha muitas e muitas (E MUITAS) ideias. Algumas eram realmente boas, outras extremamente ruins, mas quase todas tinham como característica principal o fato de serem bem criativas.

Mas por algum motivo, que o escritor nunca soube explicar e tampouco entender, aquele turbilhão de ideias legais não conseguiam ser materializadas para o mundo real. Recusavam-se prontamente a abandonar o plano Etéreo - como deduziu Platão, milênios atrás.

No começo o escritor pensou que o problema fosse com ele. Achou que sua capacidade de concentração era sofrível ou que sua mente gostava de pregar peças nele, gerando sonhos e delírios impossíveis de se realizar. Depois veio a corrente contrária de opiniões, culpando as próprias ideias, por estas serem tão vanguardistas, que se tornavam incompatíveis com a realidade atual. Em seguida veio a crítica contra o público, tido como retrógrado e fútil demais para entender toda a grandeza contida nas linhas jamais escritas. Então vieram outros culpados, como o computador, o tempo (ou falta deste), a falta de incentivo, a necessidade de emprego, etc etc etc...

E nesse fluxo interminável de desculpas subsequentes e contraditórias o escritor esqueceu-se de que no fundo tudo aquilo não passavam de ideias. Algumas realmente boas, outras extremamente ruins, mas no fundo, todas não passavam de ideias. Ao se dar conta disso, o escritor se viu em uma situação de impasse, com apenas duas possíveis escolhas: abraçar completamente seus sonhos ou enterrá-los para sempre na banalidade.

A pergunta é... Qual escolha o escritor deve fazer?


Conto com a resposta de vocês!

08 agosto, 2010

Tirinhas - Linha do Trem

Aí pessoal, eu estava à toa pela internet hoje e descobri um site de tirinhas muito bom chamado Linha do Trem, do desenhista Raphael Salimena. Dêem uma conferida abaixo em algumas tirinhas.



07 agosto, 2010

Teste de QI #1

Muito interessante este teste de lógica matemática. Apesar de parecer simples, dizem que apenas pessoas com o QI 120 ou mais conseguem responder. Em nível de curiosidade, o QI médio de um ser humano varia entre 90 e 110, segundo a escala teórica de Albert Binet e Pierre Simon. O meu é 146... =}


Quando…

2 + 3 = 10

7 + 2 = 63

6 + 5 = 66

8 + 4 = 96

Então:

9 + 7 = ?

Fonte: Reporter Net

Entrevista - Criadores da RPG Magazine


Salve leitores do Astronauta. Neste post, dedicado aos nossos amigos nerds-rpgistas, traremos uma entrevista com os criadores da revista digital RPG Magazine, Arturo "Orc" e Luiz "Thor". O foco da conversa é sobre o mercado de rpg no Brasil e sobre a nova iniciativa da dupla - uma ambientação de jogo chamada Flagelo, que promete mudar o panorama nacional deste hobbie.

Astronauta das Marés: Com tantos cenários de RPG no mercado, o que levou vocês a criarem um novo mundo? Ainda existe espaço pra mais um mundo de fantasia no mercado nacional?

Thor: Essa é uma tese que foi criada não sei por quem, que diz que o mercado ta saturado, essa frase ficaria mais completa se colocarmos a frase: “...de produtos ruins e repetitivos”. Sempre haverá mercado para quem sabe trabalhar (e quer trabalhar), tem cidade que tem na mesma rua 5 farmácias, e todas andam cheias, o x da questão e o diferencial, preço qualidade e inovação.

Orc: Se pensarmos em questão de mercado, o RPG brasileiro tem muito poucos cenários de campanha. Fora Tormenta, que fez muito sucesso pela Dragão Brasil e Dragon Slayer, não há muitos cenários de expressão em nossa terra. Claro que você tem as traduções, tem Forgotten Realms, Ravenloft... mas com o fim do d20, muitos destes cenários clássicos de RPG foram fadados ao esquecimento. Ravenloft, por exemplo, foi “descontinuado”.
A idéia por trás do Flagelo é criar não só um cenário de RPG, mas um universo para diversas mídias. HQs, mangás, videogames, animes, RPG, card games... quantas coisas não podem ser feitas em um bom cenário. Veja Star Wars, por exemplo, começou como um filme despretensioso, feito por alunos de cinema e dirigido por um George Lucas em início de carreira... hoje é um universo imenso, com ramificações em várias mídias. O mesmo pode ser dito de Warhammer 40k, que começou com um jogo de tabuleiro e em 2011 ganha seu primeiro filme. Gosto de pensar grande sobre o Flagelo, é um cenário muito vasto, com muito potencial.

AM: Qual a premissa básica de Flagelo? O que diferencia o cenário dos outros mundos de fantasia?

Thor: Flagelo não e um mundo de RPG comum, um cenário muito parecido com o nosso mundo, seja ideologia, seja nas guerras, seja na forma que tira recursos do planeta. Acredito eu, que o grande diferencial do cenário não seja salvar o mundo de dragões mais de seres humanos, não de guerras mas da destruição do ecossistema.
Antes que alguém pense Flagelo não é Lobisomem o Apocalipse de magia... como diria no rio de janeiro, “o bagulho aqui e doido” e outro ponto que devo lembrar e que não somos ativistas ecológicos, mas pessoas que querem usar o Lúdico do RPG pra lembrar aos jogadores que nosso mundo passa pela mesma situação. Acho que esse é o diferencial.

Orc: Primeiro, Flagelo não é um cenário tradicional de fantasia. A idéia foi torná-lo inovador, incorporar tecnologia, magia e elementos atuais em um cenário medieval. Originalmente eu pensava em algo no estilo dos desenhos de “tecnomagia” dos anos 80, como He-Man, She-ra e Thundercats, onde você tem espadas ao lado de armas laser, naus voadoras lutando contra cavaleiros, essa salada toda. Quando joguei Final Fantasy XII pela primeira vez, pensei “Nossa, é isso que eu quero no Flagelo!”.
A “tecnomagia”, ou “High Fantasy” como é conhecido lá fora (mistura de High Tech com Fantasy) é um gênero pouco explorado no RPG. Fora Eberron, é difícil encontrar outros cenários assim.

AM: Quais foram as inspirações para o projeto?

Thor: Muitas, de Crônicas de Nárnia a Conan, passando pelo futurista Final Fanstasy.

Orc: O Thor gosta muito de Nárnia e Tolkien. Eu particularmente não gosto. A minha idéia foi se basear mais em fantasia medieval “hardcore”. Procurei trazer muitos elementos de Robert Howard (Conan, o Bárbaro; Red Sonja; Solomon Kane; Kull, o Conquistador), John Norman (World of Gor), Frank Herbert (Dune), Howard P. Lovecraft (Necronomicon, O Chamado de Cthulhu), Rick Priestly (Warhammer 40k) e Sir Arthur Conan Doyle (Sherlock Holmes, O Mundo Perdido).
É uma questão de gosto. Tolkien gasta cem páginas detalhando o amor casto e amigável entre Frodo e Sam, Robert Howard gasta as mesmas cem páginas com ruivas esculturais semi-nuas arrancando tripas de dragões.

AM: Com a "Era D20" dando sinais de desgaste, e o mercado absorvendo novos materiais (como o sistema True 20, D&D 4E e a recém anunciada tradução de GURPS 4E), anda sendo difícil escolher um sistema forte para se desenvolver um novo produtos. Que sistema o cenário vai utilizar?

Thor: Boa pergunta. Acreditamos no True 20, com uma mistura do Pathfinder.

Orc: Bem aí está o problema que andou atrasando o lançamento de Flagelo. O material foi desenvolvido para d20, e estava prontinho para ir ao forno quando a Wizards of the Coast resolveu cancelar a licença d20 e lançar o D&D 4ª Edição. Para aproveitar material, vamos adaptá-lo para sistemas OGL que estão em alta atualmente. True 20 chegou no Brasil com Mutantes e Malfeitores e BESM, e Pathfinder está fazendo sucesso lá fora como o “sucessor espiritual do 3D&D”. Como ambas as licenças são Open Game e não tem nenhuma cláusula proibindo o uso de outra licença no mesmo produto, estou pensando seriamente em lançar Flagelo para ambos os sistemas...
O ideal mesmo é a criação de um OGL novo. Temos um projeto para um sistema chamado H20 (Herói 20), que seria o sistema “padrão” de Flagelo, mas isso depende muito da aceitação do mercado em relação a sistemas OGL novos... Ele pode se saturar rapidamente com pretensos “sucessores” do d20...

AM: Que novidades conceituais os jogadores podem esperar de Flagelo? Digamos... O que deve fazer os fãs ficarem ansiosos pelo material?

Thor: Poder, poder, poder....(risos) Acho que a novidade seria o uso da biomana.

Orc: Além de ser um cenário High Fantasy, gênero pouco explorado, Flagelo ainda conta com uma característica que eu julgo muito importante. Não há nenhum “lado mal” ou “lado bom” neste mundo. Cada nação, facção, povo e raça está certa de seu ponto de vista, e tem motivos para fazer o que fazem. Nunca gostei desta polarização “bem” e “mal” em cenários de RPG ou de qualquer outra mídia, isso tira muito da verossimilhança com nosso mundo, dá um aspecto muito artificial ao cenário como um todo.
Esta abordagem já foi usada com sucesso em Warhammer 40k, e creio que é uma forma divertida de dar mais opções aos jogadores e maior flexibilidade ao Mestre. Flagelo também tem um nível de detalhamento de fazer inveja a Tolkien. Pensamos em praticamente tudo o que você precisa saber sobre as nações e regiões deste mundo, os suplementos sobre elas são quase como guias de viagem, tem desde expressões nas línguas de cada povo até notas sobre impostos, compra de casas, imigração, esportes nacionais, feriados... A quantidade de ganchos para aventuras, e material para os jogadores, é enorme. É um cenário muito rico, feito com muita dedicação.

AM: Que elementos da fantasia clássica estão presentes em Flagelo? Quais raças, monstros, arquétipos, etc?

Thor: As raças básicas, com elementos diferenciais, Elfos e Anões ainda são inimigos, só que agora tem explicação. Ou tinha antes e eu não sabia?! Monstros tem uma coisa legal: bio-mutações. Monstros antigos mutantes, causada pela exposição da biomana.

Orc: Depende do que você chama de “fantasia clássica”. Se estamos falando de Tolkien, bem, temos algumas coisas que ele descreveu em suas obras. Elfos, anões, orcs, trolls... Como já é tradição em cenários de fantasia, elfos odeiam anões, elfos vivem em florestas, anões vivem debaixo da terra... São características que vêm desde as sagas nórdicas e germânicas, preferimos não mexer muito nisso. Até porquê ajuda os jogadores a se situarem no cenário.
Logo no início, quando Flagelo ainda era um projeto de dez páginas, eu e o Thor decidimos usar uma abordagem “estilo Eberron”. Se algo existe em algum livro de RPG, existe em Flagelo. Claro que é inútil fazer o contrário, proibir alguma coisa. Se o Mestre quiser, ele pode colocar qualquer coisa em qualquer cenário. Em Tormenta, por exemplo, não existem gnomos, mas eu já vi mestres criarem campanhas no cenário cheias de gnomos. A palavra final é sempre do consumidor.

AM: Em que formato será o livro? PDF, impresso em vários livros pequenos, um único livro grande?

Thor: Um livro básico e suplementos sobre cada raça. PDF devemos colocar as regras para outros sistemas.

Orc: Inicialmente pretendíamos lançar em PDF. Isso barateia muito a obra e ajuda a distribuí-la sem maiores custos. No entanto, cada vez mais a idéia de um livro impresso está se tornando realidade. Provavelmente teremos Flagelo impresso e versões em PDF por preços absurdamente baratos.
O livro “básico” não tem quase nenhuma regra. Ele é 95% descritivo, contando a história do mundo do Flagelo, suas nações principais, raças, tecnologia, ecologia e relações diplomáticas. Além dele, serão lançados também suplementos, bestiários e guias para classes, nações e facções. O primeiro desses guias já está pronto, sobre uma das nações do mundo. Outros já foram iniciados, e logo estarão prontos também.

AM: A RPG Magazine vem se mostrando uma publicação forte e bem lembrada pelos rpgistas brasileiros, e atualmente é uma das únicas revistas especializadas do país (sendo a maior online). Que dicas vocês dão para quem quer entrar nesse meio de criação e publicação de RPGs?

Thor: Façam... errem.... não desistam. Foi assim com agente. Para chegar onde estamos nos pelejamos erramos acertamos erramos de novo. Hoje se tem a idéia de tudo tem no blogs, Acho que a revista e uma reunião de talentos e matérias especialmente feitas, quem sabe voltemos a época de varias revistas online de novo?!

Orc: Nossa! Verdade?! É muito bom saber como anda a opinião das pessoas sobre a RPG Magazine. Só lamento ela não ser ainda melhor =D
Para entrar no mercado... hummm... deposite todo o seu dinheiro na minha conta, todos os meses. Brincadeira. Antigamente você dependia de muita infra-estrutura, hoje, com a internet e as redes sociais, basta uma idéia na cabeça, um computador na mão, muita dedicação, tempo livre e amor à causa.
Acho que o mais importante para uma pessoa que queira escrever RPG é criatividade, e disposição para pesquisa. Para criar o Flagelo, como cenário, tive que passar muitas horas pesquisando sobre política medieval, tecnologia, clima e até astronomia. Como dois sóis influenciariam o clima de um planeta, como se formam continentes, cadeias de montanhas, desertos, o impacto destes locais na cultura dos povos que vivem lá... Se a pessoa não tiver disposição para pesquisar e imaginar respostas para estas questões, o trabalho fica raso, sem graça, incompleto. Pense em quantos cenários se têm nas bancas, locadoras e games todos os anos, agora pense em quais se destacam! Temos centenas de Space Operas, mas só Star Wars é Star Wars.

AM: Por fim, como um leitor interessado pode colaborar com a RM? Existe algum espaço para onde os rpgistas podem enviar seus materiais?

Thor: Sempre tem.... rpgmagazine@gmail.com ou pelo twitter @rpgmagazine.

Orc: Isso não tem muito a ver com o Flagelo, não? Inclusive é importante deixar claro para o leitor da RM que o Flagelo NÃO SERÁ um “cenário oficial” da revista. A RM continuará trazendo material genérico para seu cenário de RPG favorito, seja ele o Flagelo ou qualquer outro.
Na RPG Magazine nós aceitamos todo tipo de material. Novas armas, monstros, NPCs, dicas para Mestres, jogadores, aventuras, contos, adaptações... Pode mandar para o e-mail dos editores (o meu é orcbruto@yahoo.com.br) ou para o da revista (rpgmagazine@gmail.com). O material será avaliado e, se tiver boa qualidade, sairá na revista o mais cedo possível. A RM costuma ter um “tema” a cada edição, por isso se seu material não tiver sido publicado ainda, não se desespere, podemos estar “guardando” ele para, por exemplo, uma edição de Halloween ou de
final de ano.
O Flagelo também aceita contribuição. Estamos com o projeto de lançar uma comunidade virtual chamada “Flagelo Live”, onde os leitores poderão contribuir com o cenário, criando personagens famosos, novos monstros, armas, estabelecimentos comerciais, e até reinos. Meu sonho é ver o personagem de alguém virar rei de algum grande império de Flagelo. É algo inédito, nunca antes tentado em relação a cenários de RPG. Por enquanto, sugestões podem ser enviadas para meu e-mail pessoal ou para o e-mail da revista.

AM: Algum último recado para os fãs?

Thor: Oi mãe... não sabia que a senhora gostava de RPG (risos) . Bom o recado que posso dar é vamos sempre fazer o melhor, porque fazemos o que gostamos. Tchau mãe. Obrigado por ser minha fã!

Orc: Hummmmm... eu diria “divirtam-se”. RPG é diversão, é entretenimento. Tá bom, alguns como o Mini-GURPS tem pretensões educativas, mas a maioria não. Use o RPG como válvula de escape para o stress cotidiano. Enfie uma espada no monstro que é a cara do seu chefe, ou da sua sogra. Isso vai fazer você se sentir melhor. Flagelo é tudo sobre diversão. Não tive qualquer pretensão educativa, moral ou cívica, é uma oportunidade de “viajar” para outro mundo gastando pouco e se divertindo muito!