Mais Mulheres Oníricas pra vocês.
Penitência
Ela é vermelha, de rosto
largo e nariz chato. Com baixa estatura, silhueta rotunda e inegável
ascendência indígena. Frustrada sexualmente, reprimida pela culpa
esmagadora de sua religião. Faz do hábito seu traje e empunha o
terço como ícone de um medo irracional. Quando jovem, sonhava em
ser atriz. Nunca conheceu o amor.
Ourives
Ela é amarela, como
bronze queimado e areia fina. Olhos adornados e cabelos escuros, tão
compridos quanto pode cultiva-los. As mãos são ágeis e os dedos
finos, treinados para tecer os fios de sua arte e os prazeres de seu
esposo. Usa véu para esconder uma expressão desprovida de afeto,
não sabe sorrir mas cansou de chorar. Vê a vida como uma fonte
amarga da qual precisa beber todos os dias. Deixaria de bebe-la de
bom grado mas seu mundo não permite.
Novelo
Ela é grisalha,
enfeitada por algodão e tempo. Com covas e ranhuras empoeiradas lhe
moldando a face. Mal enxerga com seus espelhos de opala, mas sorri
com a sabedoria de quem espera a morte. Veste-se com pudor e exige o
mesmo das netas, ainda que conheça bem cada anseio e desejo
feminino. É gentil e diligente, mas trocaria tudo para poder abraçar
quem já perdeu.
Luxúria
Ela é comum, sem etnia
com que possa se identificar. Usa aparelho nos dentes e óculos de
aros grossos, mas nas festas disfarça-se com lábios em beijo e
lentes de contato. Veste-se de forma provocante mas odeia ser
rotulada pelas linhas que interpreta. Ama sexo sem pudores e chora
por qualquer razão. Não consegue ser racional. Vive em busca de um
romance poético, mas entrega coração e corpo apenas àqueles que
lhe desprezam.