Seções

24 novembro, 2012

Sonho - Sermão

Tive um sonho realmente estranho hoje. Sonhei com um sermão religioso e desconexo, ministrado por um homem vestido como um empresário. Ele era jovem e parecia ter os trejeitos de um vendedor, e seu discurso parecia o de um livro de auto-ajuda, mas não havia nada a ser vendido e ninguém a ouvir o que ele falava além de mim.

Ele citou trechos da Bíblia que conheço muito bem, mas misturou elementos anacrônicos e sem coesão, como se contasse uma história de mestres dialogando e de referências ocultas relacionadas umas às outras, mesmo sendo de épocas e contextos diferentes.

Mas o que mais me chamou a atenção foi a frase proferida antes do meu despertar, tão nítida que acordei com a voz dele ecoando em minha cabeça e com as palavras saindo de meus lábios sem nenhuma alteração. Ela teria sido supostamente proferida por Jesus, em um momento inexistente das escrituras, que ao acordar procurei sem sucesso tanto na internet quanto na bíblia que tenho aqu
i comigo. A frase dizia:

"Ao empírico todos alcançam. Ele não é o diferencial, é o lugar comum. Domine-o mas não o viva, sublime sua essência buscando o que há além do sabido por todos. Conheça o mundo usando as faculdades mentais que lhe foram dadas e, quando o vislumbrar em sua real forma, a verdade de Deus lhe será revelada e você se tornará parte do uno. Esse é o verdadeiro louvor divino."


Logo após esta frase eu acordei. Mas o trecho não saiu da minha cabeça. O parágrafo não estava literalmente escrito desta forma (só a primeira oração era idêntica), mas o sentido e a construção da ideia era esse.



11 novembro, 2012

Crônica - Óleo

Transpiro óleo. Sentado em frente ao computador sinto as pontas de meus dedos encobrirem o teclado com um gordura fina e inodora, quase decorativa. Incomoda mas não sinto nojo. É uma forma de marcar cada um dos meus pertences com partes de mim.

Meu aperto de mão é firme e os resíduos duradouros. Meu rosto é encoberto por uma camada protetora que o impede de suar com freqüência  Minha pele nunca está resecada e os cabelos reluzem sob o sol. Um castanho claro tão oleado que parece loiro escuro durante o dia e cinza claro de noite. Pontilhado por marcas brancas da caspa fracamente controlada.

Um esfregão na testa e as mãos ficam brilhantes. Mais um rumo à pia. O processo é repetido uma dezena de vezes por dia. Com um pouco de humor o óleo vira hidratante natural para outras partes do corpo: da testa para a nuca, das mãos para as coxas, das costas para os braços. Com irritação, o leite de colônia é um placebo. Temporário ou não, o óleo me acompanha. Inesgotável.

Minhas roupas são marcadas mesmo sem suor. Nas refeições, cheiro de comida; após o sono, algo que não sei precisar. As mulheres de minha vida dizem ser este meu perfume: impossível de definir, confortável, ainda que pungente.

E assim envelheço aos poucos, recoberto por um exoesqueleto particular e renovável. Um emissor de sinais químicos incontroláveis, marcando cada um de meus passos e toques. Meu modo pessoal e incômodo de ser onipresente.

05 novembro, 2012

Frase da Semana

"Quero consumir-te na beleza de suas curvas, como um amante alucinado consome a onipresente poesia."