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29 agosto, 2013

Azul

A cor que você enxerga desde pequeno e cresceu denominando como "azul", pode não ser o mesmo espectro da luz que os olhos de outra pessoa filtram e, igualmente, denomina com o mesmo termo e enxerga nos mesmos locais.

O mesmo céu azul que você vê, pode ser igualmente azul e celeste para outra pessoa, mas suas impressões e percepções podem ser distintas e singulares. "Azul", por si só, é um nome para denominar um conceito. Uma abstração sensorial com base em uma percepção física.

Se o seu azul, por algum motivo, for particular e único - não há como provar, até que esta afirmação seja refutada por meios científicos, que ele não o é - então o que garante que esta suas percepções sensoriais e sua estrutura lógica de raciocínio seja similar à de outros seres humanos?

E se, no lugar de uma cor, suas impressões pessoais fossem mais amplas e, ironicamente, imperceptíveis enquanto características particulares? Você seria capaz de notar uma distinção entre a sua visão de mundo e a de outrem? Você seria capaz de perceber, mesmo com "olhos de outra cor", que seus valores e convicções podem não ser universais? E que o diferente não é, necessariamente, errado.

Se uma simples cor pode levantar tantos questionamentos, reflita sobre seus julgamentos em relação à crenças políticas, religiosas, sociais e éticas. Pois, quem sabe, o seu azul não seja exatamente o mesmo azul da pessoa que está ao seu lado.


12 agosto, 2013

Cadentes

Quando eu era criança, por várias vezes me peguei olhando para o céu noturno. Eu ouvia histórias de alienígenas, estrelas cadentes e planetas imensos, e ficava imaginando se tudo aquilo era verdade. O universo parecia tão distante e incrível, que não podia simplesmente ser real.

Ele estava ali, sabe? Logo ali. Em cima e ao redor, e era infinito. Como podia ser TUDO e ao mesmo tempo não ser nada para nós? Não fazia sentido não ter provas de todas as histórias. Como podia o infinito não dar sinais de existência? Estar tão belamente perto e impossivelmente distante?

O menino olhava para o céu de um modo mais profundo que o adulto agora olha. Ele sentia a real expressão do infinito. A melancolia de estar sozinho.

E até hoje, nenhum de nós, jovem ou não mais tão jovem, jamais viu planetas imensos, alienígenas e estrelas cadentes.