Por mais que existam muitos entusiastas, e otimistas de plantão, nós somos de fato um país preconceituoso. Sim, e não adianta alegar que existem campanhas de conscientização fortes nos veículos de mídia, e nem que nossas leis sofreram diversas mudanças em prol de tornar a prática do preconceito algo criminoso. Somos de fato, não somente preconceituosos, mas hipócritas.
Tomemos como exemplo as Olimpíadas de Pequim. Claro, você já deve estar mais do que cansado de ouvir críticas acerca da antítese, que foi sediar um evento, símbolo da democracia clássica, em um país totalitário. A China é adepta do "comunismo" de capital aberto, que apesar de não democrático, poderia ser encarado apenas como um modo de produção diferenciado. Algo aceitável. Mas o país também é um poço de contradições no que diz respeito a direitos humanos e liberdade de imprensa (e política, e de expressão, etc...). Sediar as olimpíadas na China foi, no mínimo, uma piada de mal gosto. Mas esse é apenas o começo deste tópico...
Tomemos então o assunto em pauta: as Paraolimpíadas. Ora, por que o destaque massivo dos veículos de imprensa brasileiros (alguém disse internacional?) sobre os eventos esportivos deveria seguir um modelo de apartheid? É fato que as escassas, e suadas, medalhas brasileiras em Pequim, oriundas das conquistas de atletas "não-deficientes" (e como odeio este termo!), tiveram maior impacto na contagem de nossas vitórias olímpicas. Mas, e os nossos deficientes? E os cegos, aleijados, amputados e outros, desprovidos minimamente de instrumentos, que jamais deveriam ser considerados como desqualificadores por sua ausência? Por que não destacar suas vitórias com mais ênfase? Não seriam eles os maiores campeões? Os recordistas "deficientes", que com suas "deficiências" (que acabaram por lhes classificar em outras categorias) venceram desafios maiores do que seus conterrâneos?
Paraolimpíadas. Somos medalhistas com orgulho, mas ainda assim medalhistas sem destaque. As transmissões ao vivo acabaram. Pouco se fala, pouco se sabe.
Confesso que estou com um sentimento de iminência. Medo talvez. Estaríamos nós assumindo o modelo da China? Estaríamos dando importância maior uns em detrimento de outros? Um comunismo (pois todos têm sua chance) desigual (pois as chances são diferentes)?
Ou talvez, nas próximas olimpíadas, ao invés da Inglaterra, deveríamos ter como sede a Coréia do Norte? E mudar as denominações de nossos atletas para: Deficientes e Indeficientes?
Obrigada por tocar nesse assunto. Tudo isso é muito ridículo, vai além de preconceito.
ResponderExcluirNão sei hoje, mas até ontem o Brasil estava em nono lugar entre os paises com mais medalhas. Cara, sabe o que isso significa? Superação, e cadê o reconhecimento da mídia?
Pow, os atletas sem limitações fisicas, dão tantas desculpas, dizem ser limitados por falta de recursos... e onde é que não falta recurso no Brasil gente? Pelo jeito deve sobrar apenas entre os paraolímpicos!
E ainda tem gente dizendo que jornalismo não é mercado!
Claro que somos preconceituosos! Senão pq eles fariam campanhas de conscientização???
ResponderExcluirXD