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20 abril, 2010

Os Estágios da Evolução Espiritual Humana


Existe um livro chinês chamado Tao Te Ching, que poderia ser traduzido como "O Livro que mostra o Caminho". Ele foi escrito por Lao Tse, um bibliotecário real que abandonou tudo para viver uma vida de contemplação. Após cerca de 30 anos de reflexões, vivendo isolado, ele partiu da China para conhecer o resto do mundo (depois de ter conhecido o mundo através de si mesmo), mas antes de ir embora deixou de legado para seu povo um livro com vários ditos e situações hipotéticas, com ensinamentos.

Quem puder comprar este livro, corra atrás da versão brasileira, pois um dos elementos mais reflexivos e menos "indecifráveis" está no prefácio, que explica um preceito da filosofia Taoísta.

Este preceito fala sobre a relação íntima do homem com a divindade, e explica cada uma das etapas.



1ª Animismo: A primeira fase da consciência humana em relação ao divino é o animismo. Esse tipo de religião acredita que todos os elementos que constituem o mundo natural possui um espírito, e que todos eles são deuses por si só. Apesar de generalista, esse conceito é um pouco primitivo, pois prevê espíritos individuais pra cada pedra, animal, planta, fenômeno da natureza etc, que existe.

Podemos definir então que nas religiões animistas, há a crença de que tudo possui um espírito, e que não há um único deus, mas sim uma miríade de deuses menores, individuais, convivendo em harmonia e formando uma unidade.

Exemplos de crenças animistas: xintoísmo, xamanismo e religiões indígenas.



2ª Politeísmo: É o culto e/ou a crença na existência de dois ou mais deuses. Neste tipo de religião crê-se que o mundo foi criado (ou que é regido) por um determinado número de divindades ou entidades, com personalidades e características próprias. O politeísmo de divide em várias vertentes, dentre as quais, a mais primitiva seria a do antropomorfismo divino, que crê na forma de deuses com formas mistas de animais e humanos; e o dualismo, que admite a existência de duas forças de igual poder, mas de energias e intenções opostas, ao estilo maniqueísta.

Note que neste tipo de religião as divindades começam a adquirir características de personalidade e comportamento humanizado.

Exemplos de crenças politeístas: cultos aos deuses gregos, zoroastrismo, cultos aos deuses egípcios etc.


3ª Monoteísmo: O terceiro estágio da evolução espiritual humana, o monoteísmo é a crença na existência de uma única divindade suprema, criadora do mundo e detentora de seu controle pleno. Este tipo de religião surgiu com o advento do culto ao deus Aton, no Egito antigo, por intermédio do faraó Akhenaton. Hoje é refletida nas três maiores religiões do mundo.

Neste estágio da crença, a humanidade centraliza o poder e a regência do universo em uma única figura, à qual concede características de comportamento e personalidade humanas. Por este motivo, existem tantos "novos ateus", que dizem não crer (na verdade, não aceitar) na existência do divino, porque o único conceito de divindade com o qual tiveram contato é este, de regente imparcial e totalitário do universo - como é o caso do deus hebreu.

Exemplos de crenças monoteístas: Cristianismo, Islamismo e Judaísmo.


4ª Panteísmo: No último estágio da evolução espiritual humana, o indivíduo alcança a compreensão de que o "divino" na verdade é a imersão de todas as coisas existentes sob a forma do uno. Ele tem consciência de que todas os elementos que constituem o universo (tanto matéria quanto energia) é formado pela mesma coisa, e que absolutamente tudo está interligado. Desta forma, não há mais a crença em uma única figura humanizada e centralizada de Deus, porque sua manifestação está disseminada em toda a criação. Não havendo, portanto, uma única consciência diferencial e independente do divino.

O panteísmo, assim como o animismo, crê na coexistência de todas as coisas como partes integrantes do Divino. Não fazendo diferença entre indivíduos em relação à sua importância no mundo. Diferente do animismo, o panteísmo sabe que os elementos que constituem o todo possuem consciência própria, mas também sabe que estes elementos estão interligados e que é a sua junção que constitui Deus.

Diferentemente do monoteísmo, o omniteísmo prevê a elevação do indivíduo como parte da divindade não através da penitência e/ou da obediência à dogmas, mas sim através da consciência e da harmonia dele em relação ao todo. Para eles, Deus não é uma consciência isolada autoritária, mas sim uma energia que infunde todas as coisas vivas e não vivas.

Exemplos de crenças panteístas: taoísmo e filosofias zen budistas.


Obs: Alguns dos maiores pensadores e cientistas da humanidade possuem/íram uma visão do mundo panteísta, como Albert Einstein, o físico quântico Amit Goswami, dentre muitos outros.

7 comentários:

  1. Bacana o post, assim como a sua forma de abordagem....se não acreditarmos que Deus está em tudo, como acreditar que ele está em nós?

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  2. Na realidade começou bem antes, e com o monoteísmo ( e não o panteísmo, que só veio bem depois).
    Desde o ano 10.000 a.c., encontram-se na história diversas pinturas e escrituras que refletem o respeito e a adoração dos povos especialmente por um astro: o sol.
    E é simples entender o porquê, dado que todas as manhãs o sol nasce trazendo consigo visão, calor e segurança, salvando o homem do frio e breu da noite repleta de predadores. Sem ele, todas as criaturas perceberam que não haveria vida no planeta. Esta realidade fez do sol, o primeiro e mais adorado de todos os tempos.

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  3. Não necessariamente. A adoração da figura solar como uma entidade divina realmente data de tempos primordiais da civilização, mas isso não se caracteriza em monoteísmo porque tais povos primitivos cultuavam outras entidades menores (ou de igual importância) além do sol.

    Lembre-se que o Homo sapiens data de cerca de 90 há 120 mil anos a.c. e que suas concepções de fenômenos naturais eram explicadas através de vontades dos deuses ou manifestações divinas "in loco". Cada trovão, cada chuva, cada período de seca eram divindades individuais - o sol, portanto, era apenas uma delas, mesmo sendo a mais importante. E estas religiões não eram panteístas, mas sim animistas, uma categoria com sutis diferenças.

    O monoteísmo da forma como é caracterizado só surgiu oficialmente com o advento do culto à Aton, no egito antigo. Nesta religião, instaurada pelo faraó Akhenaton, houve a centralização de todo o poder divino sob a figura de um único deus (o sol), configurando-se em monoteísmo.

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  4. ...Albert Einstein era ateu, não entendo pq osteístas continuam atribuindo uma crença religiosa (qualquer que seja) a ele.
    quando falava de "deus" ele se referia ao deslumbramento que sentia perante o universo... e não de uma crença em um ente sobrenatural ou da possibilidade de haver algo sobrenatural no mundo... :(

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  5. É incrível como os comentários mais interessantes e polêmicos, infelizmente partem apenas de pessoas anônimas.

    Bom, sobre Einstein, seu comentário é fruto do conhecimento disseminado pelo senso comum. Segundo um de seus biógrafos mais conceituados, Max Jammer, Einstein possuía um conjunto de crenças sutis, não vinculadas à nenhum culto religioso, na existência de uma força divina e absoluta.

    Uma de suas frases mais célebres: “A ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega” ilustra o fato de que o gênio via a religião como uma muleta para a moral e a ética na qual a ciência deveria se apoiar, e que a religião deveria ater-se à visão de mundo capacitada pela luz da ciência.

    Para aqueles que não sabem, Albert Einstein não era ateu, mas sim alguém que não acreditava nos ícones divinos pregados pelas religiões, com todas as suas falhas e humanizações. Einstein compreendia a imensidão absoluta do "Todo", que não podia ser condensada simplesmente em um conceito mundano, como aquele utilizado pelas demais religiões. Neste ponto ele realmente não acreditava "neste Deus", pequeno e imperfeito, disseminado pelas religiões monoteístas do mundo. Ele conhecia algo maior, a verdadeira identidade e o significado do que é ser divino.

    Na década de 1930, o cientista escreveu uma série de artigos relacionando ambos os temas (religião e ciência), sendo um deles publicado na New York Times Magazine. Curiosamente este artigo tratava sobre os três estágios do desenvolvimento das religiões, e aborda o assunto de forma muito similar ao tema debatido neste tópico.

    Para mais informações sobre Einstein, deem uma olhada neste artigo: http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3708

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  6. Li seu post e me identifico com a filosofia panteísta. Nunca li muito à respeito, nem estudei sobre...mas no meu íntimo nunca compreendi e aceitei a crença cristã. Via o cristianismo como sendo limitado a responder minhas dúvidas e questões existenciais. Sempre fez sentido que somos parte de um todo e esse conjunto, que fazemos parte, é que forma e por si rege o universo. Li que as pessoas que fazem projeção astral experimentam essa sensação - de que fazem parte do universo, e estão de certa forma conectados a ele. Não seria um entendimento, mas uma sensação e compreensão.

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