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04 junho, 2014

E se...

...A humanidade é uma raça alienígena que invadiu a Terra há centenas de milhares de anos, exterminou todos os habitantes originais e colonizou o planeta, para depois esquecer de seu passado por conta de um desastre natural?

...Você é a única forma de vida existente no universo e toda a criação não passa de uma ilusão criada por você mesmo, para não acabar enlouquecendo em solidão? E todas as outras pessoas só existem como artifícios da sua mente para interagir com você e manter a impressão de que você não está sozinho?

...As pessoas re-encarnam em outras épocas, anacronicamente, apenas pra vivenciar aquilo que precisam vivenciar. E não existe presente, passado ou futuro?

...O único espírito ou alma existente no mundo é a sua, e todos os demais seres vivos do planeta é você mesmo, encarnado em diversas versões de tempo, forma e propósito?

...Todas as células do seu corpo são seres conscientes em uma escala microscópica, e o seu ego e tudo o que você interpreta como identidade própria não passe de uma interface artificial criada por elas para interagir com o mundo e tentarem sobreviver? Você seria apenas um robô biológico artificialmente inteligente que acha que tem livre arbítrio.

...Deus morreu ou foi embora depois do 7º dia?

...Os intervalos entre os minutos nunca passarem de fato e cada versão sua de um milésimo de segundo atrás estiverem agonizando, presas na eternidade congelada do passado para sempre?

...As cidades forem seres vivos que se alimentam da energia psíquica, medos, anseios e temores dos seres humanos?

...Neste exato momento, há uma inteligência artificial global interpretando e aprendendo com tudo o que você faz pelo computador?

...O seu reflexo for um ser vivo de outra dimensão que, por singularidades do multiverso, age sincronicamente com você todas as vezes em que se vê refletido?

...Todas as decisões que você toma e ações que você faz criam trilhas paralelas de tempo, e a sua consciência atual nada mais é do que uma versão do seu anterior que seguiu por esse caminho do presente? O seu Eu de um dia atrás pode estar morto nesse exato momento.

...O amor da sua vida foi alguém que você dispensou no passado e agora você espera por esse alguém sem saber que já perdeu essa chance?

...A entropia, a dor, o sofrimento e a indiferença são a forma e os elementos naturais que compõem o mundo? E ao lutar por e buscar o bem, o conforto e as virtudes estamos contrariando o universo e sua natureza?

...Os seres humanos são anjos caídos em estado de castigo ou demônios arrependidos tentando voltar para o paraíso?

...Existem duas ou mais almas coexistindo no seu corpo, mas como você nasceu assim, nenhuma delas percebe a própria individualidade e por isso se interpretam mutuamente como facetas de consciência de um mesmo indivíduo?

...Não existe absolutamente nada além daquilo que conhecemos, e cada estrela, fenômeno natural, lei da física ou conhecimento só passa a existir a partir do momento em que tomamos conhecimento dele ou quando nos indagamos/cogitamos a respeito?

...Você vive de trás pra frente e tudo o que você fez hoje nada mais é do que vivenciar a história do mundo ao contrário?

...Você não tivesse perdido todo esse tempo lendo esse post e ao invés disso estivesse estudando, praticando um exercício ou trabalhando?

(Eu poderia chamar esse post como Heresias. Seria até mais apropriado...)

2 comentários:

  1. Não tem como ler tudo isso sem que venha à mente o poema de Clarice Lispector:
    "Dá-me a tua mão:
    Vou agora te contar
    como entrei no inexpressivo
    que sempre foi a minha busca cega e secreta.
    De como entrei
    naquilo que existe entre o número um e o número dois,
    de como vi a linha de mistério e fogo,
    e que é linha sub-reptícia.
    Entre duas notas de música existe uma nota,
    entre dois fatos existe um fato,
    entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
    existe um intervalo de espaço,
    existe um sentir que é entre o sentir
    - nos interstícios da matéria primordial
    está a linha de mistério e fogo
    que é a respiração do mundo,
    e a respiração contínua do mundo
    é aquilo que ouvimos
    e chamamos de silêncio."

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