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08 agosto, 2008

Parece Ironia

Como são as coisas, né? Alguns anos atrás, a Rede Globo fez o maior alarde com uma série de notícias sensacionalistas sobre crimes envolvendo os jogos de RPG ("Role Playing Games", no original, ou simplesmente Jogos de Interpretação de Papéis). Os fatídicos eventos que ficaram conhecidos como "Caso Guarapari" e "Crime de Ouro Preto". Para muitos que desconheciam o RPG, graças ao papel estúpido e alienante da mídia, os jogos ficaram conhecidos de modo infame como "jogos satânicos", de pessoas loucas ou de criminosos.

Os impactos sobre os jogos de interpretação foram tão grandes, que alguns estados chegaram a cogitar a proibição do comércio destes, mesmo havendo a comprovação posterior de que o RPG não teve envolvimento algum com nenhum dos crimes. Para limpar a imagem do hobby, revistas, sites e editoras especializadas iniciaram uma campanha de conscientização contra a infâmia do jogo, mostrando os inúmeros benefícios comprovados dos RPG's na educação, no desenvolvimento da criatividade e na socialização de seus jogadores. As iniciativas de maior impacto foram as da Editora Daemon, da Fundação Ludus Culturalis, do portal Rede Rpg e da Revista Dragão Brasil. Mas como ambos eram veículos especializados, o alcance de sua influência sobre o público geral, previamente mal-informado pela televisão, foi pequeno.

Mas o panorama nacional sofreu uma reviravolta interessante nos últimos tempos. A Rede Record de televisão tornou a falar dos jogos de RPG novamente, desta vez de uma forma curiosa: através de sua novela de ficção e fantasia "Chamas da Vida", na qual um dos personagens (Guga) é jogador de RPG e apresenta o jogo para outros personagens. Outro ponto positivo à favor do hobby é a matéria publicada na edição 0214, de agosto, da revista Nova Escola, que fala sobre a utilização do RPG como método de ensino para disciplinas como história e ciência.

Não é de hoje que tais iniciativas benéficas em prol do hobby e de seus benefícios são tomadas, muitos jogadores veteranos conhecem títulos como O Desafio dos Bandeirantes e GURPS Império Romano, jogos voltados ao aprendizado através de fatos históricos. Mas é um avanço inédito podermos ver este tema publicado em mídias não-especializadas. Para que outros públicos alheios ao jogo possam conhecer os inúmeros benefícios que esta diversão pode trazer.

Acredito que finalmente estamos vencendo o preconceito que a irresponsabilidade da mídia causou anos atrás. E o mais curioso de tudo, é que esta vitória tem seus alicerces na própria mídia.

E você? Já jogou RPG?

Links relacionados:
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Leia na íntegra o pronunciamento da Deputada Janete de Sá (PSB) sobre o "Caso Guarapari".
- Carta aberta à mídia, da Editora Daemon.

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