A sensação não se assemelhava a nada no mundo. Nada estava à sua altura. Nenhuma saudade de amores perdidos; nenhum passado remoto soterrado por eras; nenhuma história encravada em pedras; nenhum conto de fadas de livros empoeirados... Não havia parâmetros capazes de medir a nostalgia sentida por Iiel; ao menos, não naquela existência.
Vislumbrar seu lar em sonhos. Sua família perdida. Tudo que um dia abdicara em troca de algo que atualmente abominava: viver para sempre. Não em sua forma plena, as sim como um remedo do que fora um dia.
Mesmo sabendo que um dia todo o céu viria a cair, e que todas as estrelas se apagariam para sempre, Iiel escolhera o tolo destino de ver A Vida definhar como uma folha seca diante de seus olhos. O mesmo destino triste e desolador fadado à Entidade que o seduzira. “A solidão eterna deve ser o castigo por se violar a vontade do mundo...”, como costumava consolar-se, décadas atrás.
Iiel invejava os Deuses. Por mais poderosos que fossem, mesmo estes tinham suas eras, seus auges, seus tempos. Uma vez ignorados, definhavam no silêncio do esquecimento rumo a um fim indolor...pleno. Este por sua vez, acometido por uma sensação que pensara ter sido privado pela ausência de sua alma, se amaldiçoaria para sempre.
E por este motivo usava uma máscara. Para esconder de seu coração apodrecido o reflexo da face que um dia possuíra. Para nunca mais vislumbrar o rosto daquele, que por livre arbítrio, escolhera a solidão eterna. A servidão eterna à suas próprias memórias pesarosas.
Para fugir de uma dor que nenhuma palavra do mundo conseguiria definir, o underi selou sua própria face em um túmulo de marfim. Desta forma, mesmo que por acidente, não olharia em seus próprios olhos outra vez.
Tudo para esconder de si mesmo algo que jamais conseguiria ignorar: Iiel queria morrer.
Eu, Iiel.
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