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27 fevereiro, 2008

As Etapas do Aprendizado

Ano retrasado, ao estudar metodologia e semiótica, desenvolvi uma teoria acerca da aquisição de conhecimento. Embora ainda existam muitos tópicos à serem aprimorados, acredito que a base desta idéia possa servir de subsídio para um estudo mais aprofundado.

Estou postando o texto aqui por um segundo motivo, também: para abrir a mente daqueles que vierem a acompanhar a seção Sofia do Funfas, pois falarei de muitos assuntos controversos (religião, filosofia, sociologia, hermetismo, etc) e estarei aberto à opiniões, críticas e perguntas diversas (desde que estas não sejam inflamadas e/ou preconceituosas).

ETAPAS DO APRENDIZADO


Informações acerca das etapas:
1- Têm-se como informação todo e qualquer conceito, idéia, possibilidade e conhecimento. Não importando o modo como foram adquiridos.
2- Entende-se por aprendiz, todo e qualquer indivíduo em processo de aquisição de conhecimentos e informações. De modo consciente ou não.
3- Embora costume ocorrer de modo sucessivo, e na ordem em que aparecem aqui, as diversas formas de se aprender muitas vezes acabam por excluir ou alterar a ordem das etapas. Não sendo regra que um aprendiz precise passar por todas.
4- O aprendizado aqui descrito é uma generalização do processo de aquisição de informações, e da criação de repertórios humanos. Tal processo não é uma via de regra, embora se mostre funcional.

Disposição

Para que se ocorra a aquisição de um novo conhecimento, o aprendiz deve se dispor a entrar em contato com a doutrina e as informações apresentadas. Caso, ocorra uma falta de disposição por parte deste, as etapas subseqüentes serão mal aproveitadas ou mal interpretadas.
Neste caso, as informações não serão devidamente absorvidas do modo mais proveitoso. Embora sempre ocorra a possibilidade de acontecer uma passagem despercebida por esta etapa, uma vez que esta não precisa necessariamente ser consciente. Um exemplo prático é o eventual desinteresse de alunos por informações ministradas em sala de aula. Estes, por mais que não estejam presos conscientemente ao assunto, em sua maioria absorvem passivamente algumas informações e, ficam de prontidão para captar algo que lhes interesse. As eventuais fisgadas de atenção.

Apresentação/Introdução
Etapa que não ocorre em todas as formas de aprendizado, ao menos não explicitamente, como é o caso do Insight. Caracteriza-se pelo momento/instante do contato inicial com a informação. Quando esta se faz mostrar-se superficialmente. Semioticamente é considerado como o instante da Primeiridade, onde se dá a percepção inicial do conhecimento, e as reações de imediato por parte do individuo. Seja esta a de recusa, de compreensão inicial, de aceitação e curiosidade, etc.

Negação
A etapa mais rara de se ocorrer, embora seja uma que, caso compreendida e levada adiante, amplifica a capacidade do aprendiz de entender conceitos novos, e de aprofundar estes. Consiste-se na retenção do conhecimento prévio acerca das informações semelhantes à recém adquirida; através de um “esquecimento” temporário do que se sabe sobre o tema, para que se tenha uma melhor compreensão das novas informações. Através desta, os bloqueios naturais e conceituais que o individuo tem, acaba por cair por terra, ou são temporariamente negados, de forma a permitir que a informação seja completada sem a intervenção de “filtros”.
Pode ocorrer em todos os tipos de aprendizado.

Aceitação/Suposição
Inversa à negação, mas ocorre apenas com o novo conhecimento. Ocorre quando o individuo aceita a informação desconhecida como “temporariamente” verdadeira, de modo a poder vislumbrar sua compreensão. Nesta etapa ainda não ocorre (ou ao menos não deveria ocorrer, para uma melhor compreensão) a intervenção do senso crítico. Desta forma tem-se a integridade do conhecimento novo sem sua filtragem prévia.
Facilitando assim a compreensão de sua essência integral.

Reflexão
A etapa que se caracteriza pela ação do senso crítico individual. Embora DEVA ocorrer em todas as formas de aprendizado, muitas vezes se mostra ausente em processos não-subseqüentes às etapas de Negação e Aceitação; como é o caso das “informações e verdades” conduzidas por determinados indivíduos, mídias e/ou grupos religiosos.
É nesta etapa, a mais fundamental do aprendizado consciente, que o individuo recorre à suas capacidades mentais referentes à lógica, à experiência de vida e aos conceitos pré-formulados acerca do assunto em questão. De modo a filtrar o que considera útil e funcional na informação recém descoberta.
Semioticamente é considerado como o instante da Secundidade, caracterizado pela reação.

Assimilação e Compreensão

Depois de ocorrida a reflexão das informações recém adquiridas, passa-se à etapa da assimilação do conteúdo que o filtro crítico deixou trespassar. Este conhecimento é (ou ao menos deveria ser) absorvido pelo aprendiz no mesmo instante em que é compreendido. E após esta assimilação dá-se o processo de compreensão do conhecimento. Neste ponto, o que foi aprendido passa a ser processado e “refinado”, fazendo com que ocorra um entendimento da informação assimilada.
Sendo importante destacar, que mesmo quando o aprendiz não se dispõe a aprofundar seu conhecimento acerca da informação, este cria uma noção básica de sua funcionalidade e aplicação, ainda que em seu subconsciente.
Esta etapa nem sempre ocorre de forma integral e/ou imediata. Muitas vezes sendo legada como penúltimo ou antepenúltimo processo.

Conciliação e Compreensão
Inicia-se aqui o que, semioticamente, é conhecido como fenômeno da Terceiridade. No qual a informação assimilada, após sua compreensão e reflexão, passa a fazer parte do repertório pessoal do aprendiz. Este novo conhecimento é então anexado ao conhecimento prévio do assunto, através de uma conciliação das informações. No caso de não ocorrer uma conciliação e um “encaixe”, reinicia-se a etapa de reflexão, desta vez acompanhada do conhecimento prévio.
Caso ocorra de a informação nova ser a única relacionada ao contexto, esta passa, após uma reflexão, a integrar a base do repertório do individuo.

Aplicação
Determina a validade do conhecimento. Caso não exista uma utilidade óbvia por parte deste, é possível que o subconsciente mantenha-o por um tempo indeterminado. Embora a sua aplicação desenvolva as capacidades relacionadas à informação.
Se o conhecimento não se mostrar verdadeiro/útil/benéfico este pode, de modo consciente ser descartado, reformulado, ignorado ou mesmo transformado em exemplo de algo à NÃO ser seguido.
Neste caso o aprendizado ainda ocorre, mas o que viria a ser uma informação funcional dentro de uma ação, passa a ser uma informação reativa. Istoé, preventiva contra conhecimentos de mesma natureza.
A etapa da Aplicação é a continuidade do fenômeno semiótico da Terceiridade: o planejamento e o uso, após o contato e a reação.

Disseminação
Embora não seja uma etapa do processo de aprendizagem em si, destaca-se o fenômeno da Disseminação devido à natureza inerente ao ser humano de divulgar o conteúdo de seu repertório; e dividir grandes cargas de informações. Seja devido o ímpeto de auxiliar os demais, seja graças à pressão do conhecimento, ou mesmo devido à obrigação.

Por Matheus Bueno de Bueno Funfas

2 comentários:

  1. Sobre essa sua reflexão quanto a aquisição de conhecimento, acredito "cobriu" muito bem o assunto, digo, apesar de não ter se aprofundado, você delimitou pontos principais. Prova disso é que, enquanto eu lia sobre um determinado ponto, pensei: "seria interessante se ele acrescentasse determinado assunto aqui", e no ponto subseqüente você discorria exatamente sobre o que eu havia pensado. Claro que o meu conhecimento técnico para avaliar esse tipo de discurso é finitamente empírico, pois toda e qualquer indagação minha seria baseada apenas em minhas próprias dificuldades de aprendizado. Ipso facto, entretanto, que o seu "resumo" tanto tem introdução quanto conhecimento de causa para muitas teses mais. Acredito eu que a pergunta aqui seria se a mente criativa por trás da captação do essencial alheio - infelizmente pouco explorado, talvez pela "capa" com que a vivência usual lhe cobre -, esse exemplificado por você através do processo de aquisição de conhecimento, criará as tais teses , que há tanto esperam ser levadas à fase de "disseminação".

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  2. Mas vá ser prolixo assim na... uhehueuhehue

    valeu Pedro. vou levar pra frente sim! =]

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