Seções

01 fevereiro, 2008

A Síndrome do Cisma

Pra variar, após tempos sem atualizar o Astronauta, venho até vocês pedir desculpas por minha falta de assiduidade. Realmente não tive cabeça pra escrever nas últimas semanas, mas espero que esta tendência mude. Ainda hoje, se meu tempo permitir, postarei um texto de uma das novas seções do blog. Esperem e verão.

Mas por agora, segue abaixo o post diário; um tanto quanto sinistro, devo dizer...
_______________________________________________________

Síndrome Respiratória Febril. Este é o nome do mal com o qual sonhei hoje. Já faz alguns dias que ando presenciando situações estranhas e, de certo modo, tendo experiências sensoriais desagradáveis: barulhos na cozinha de casa, cheiro de comida apodrecida dentro do meu quarto, vultos no corredor, pesadelos... Mas sinceramente, por mais que isso pudesse gerar discussões de caráter psicológico, espiritual ou mesmo filosófico, não é este o propósito deste texto; ao menos não desta vez.

Quero falar do pesadelo; da doença.
De acordo com as informações científicas, divulgadas na "mídia onírica" (infelizmente não lembro a emissora...), a Síndrome Respiratória Febril (ou Febrile Respiratory Syndrome) é uma doença viral pandêmica incurável, transmissível através das vias aéreas. Causada por um retrovírus, a doença caracteriza-se por um constante estado de febre baixa (aproximadamente 38ºC), graças a uma incessante produção de substâncias pirogênicas (como a interleucina); fazendo o enfermo sofrer com uma deficiência energética constante graças ao metabolismo alterado. A infecção seria de fácil disseminação e demoraria alguns dias para se manifestar.

O problema, no entanto, seria justamente os sintomas pós-contágio. Como todos sabemos, a febre pode se intensificar caso o metabolismo do enfermo venha a ser alterado bruscamente, e isto inclui a prática de atividades físicas e a constante incidência direta de luz solar. Submeter-se à estes riscos, obviamente, poderia causar a morte; forçando milhões de pessoas, no mundo todo, a alterarem absolutamente seus relógios biológicos, jornadas diárias de trabalho, alimentação, e prática de trabalhos "braçais".

Eu poderia ter acordado e, simplesmente, ter esquecido este sonho esdrúxulo. Mas não pude deixar de imaginar qual seria o pior acontecimento que viria a seguir: o cisma social. Oras, basta raciocinar: subitamente, metade da população da terra é acometida de uma doença que, se não for estritamente controlada e medicada, pode levar à morte. Remédios funcionariam à curto prazo, mas poderiam intoxicar os organismos ainda mais. Restava então uma reforma em toda a estrutura da sociedade: os febrís, ou piréxicos (do grego, pyretos), deveriam abandonar as atividades que exigissem esforço físico (sob o risco de falecerem) e, em diversas regiões do mundo, teriam que restringir seu horário de atividade para os períodos de baixa temperatura. Trocando em miúdos: parar de fazer grande esforço e trocar a noite pelo dia.

O que se segue? A dissolução da estrutura social humana!
1-Desemprego massivo: o mercado de trabalho não estava preparado para uma alteração tão brusca.
2-Conflitos: faltarão recursos medicamentosos.
3-Depressão: a mudança brusca de rotina, de serviços, de modo de vida, trará implicações psicológicas graves.
4-Discriminação: haverá o medo dos "sãos" em contrair a doença e, portanto, haverá preconceito para com os enfermos. Duas castas surgirão: os hélio-térmicos, forçados à subsidiar quase todas as atividades que exigem grande esforço, além das exclusivamente dependentes do sol (como a agricultura); e os febrís, que deverão se adaptar à vida noturna, exercendo atividades intelectuais.

Possivelmente haverá agremiações, leis inteiramente novas (Estatuto dos Piréxicos?), cotas para faculdades e concursos públicos, empregos destinados a somente um dos grupos, etc...

Sempre pensei que talvez uma doença, seja ela a Síndrome Respiratória Febril ou qualquer outra, viria, um dia, a trazer o fim da humanidade. Graças ao pesadelo de hoje mudei de idéia: doenças como esta seriam apenas um subisídio para a discriminação social. O fim da humanidade é a própria limitação do pensamento humano...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O Astronauta das Marés agradece profundamente pelos comentários de seus leitores. Cada interação do público com o blog me motiva, ainda mais, a postar novidades e escrever textos de qualidade. Obrigado pela força galera.

Ah, e comentários que iniciem discussões serão levados adiante, caso o assunto seja de relevância.