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22 fevereiro, 2010

Paradoxo Culinário - O Mistério da Goiabada de Porco

Uma coisa interessante que me ocorreu nos tempos de faculdade, foi o paradoxo existencial da identidade dos alimentos, e seus opostos.

Se seguirmos uma linha de pensamento espontâneo e lógico, qual seria nossa resposta mais imediata ao perguntar para nós mesmos: "Qual é o contrário de frio?"

Logicamente a resposta seria quente. Mas, por algum motivo esdrúxulo, quando nos perguntamos acerca de algumas outras coisas (que NÃO possuem contrários), nossa mente tende a responder imediatamente com conceitos pré-formulados, mesmo que estes não façam sentido.

Exemplo: "Qual o contrário de salgado?"

A resposta mais imediata seria "doce". Mesmo que o paladar "salgado" não tenha um oposto. Em algumas brincadeiras ainda mais espontâneas, poderíamos dizer portanto, que o contrário de chá é café, mesmo que não faça sentido. Simplesmente porque, na hora de nos forçarmos uma resposta sobre opostos, em relação à algo que não possui um oposto, usamos conceitos pré-formulados inconscientes para chegar em uma solução.

Claro, se pensarmos por mais tempo, e de forma mais analítica, jamais responderíamos desta forma. Mas é interessante ver como o cérebro funciona quando pressionado para uma resposta rápida. Então temos um paradoxo interessante, que se repetiu várias vezes durante o experimento que fiz na faculdade, anos atrás.

Perguntei à alguns amigos e conhecidos, individualmente, qual era o oposto de "goiabada". E a maioria absoluta respondeu "queijo", em virtude da associação "goiabada com queijo" (alguns poucos responderam "marmelada" ou mesmo "doce de leite").

Algum tempo depois, quando já estavam distraídos, lhes perguntei qual era o contrário de "presunto". E a maioria respondeu "queijo".

Foi então que os defrontei com o paradoxo culinário. Se o contrário de "goiabada" é igual a "queijo", mas o contrário de "queijo" é igual a "presunto", então logicamente goiabada é igual a presunto.

O Resultado

Ou a grande maioria dos envolvidos na entrevista possuía um paladar bem peculiar, capaz de confundir carne de porco com doce de goiaba. Ou quase todos se deram conta de que suas mentes são capazes de pregar-lhes peças, mesmo quando estão participando de uma simples brincadeira.

Todos, no entando, riram bastante da estúpida brincadeira, e até hoje ainda divulgam o paradoxo da goiabada de porco.

5 comentários:

  1. Matheus
    .
    Muito bom!

    Associamos constantemente o sentido de opostos que se atraem, ou que se complementam. O oposto de positivo é negativo, e no átomo temos o elétron de carga negativa e o próton de carga positiva, mas ambos, positivo e negativo, coexistem no átomo e são constitutivos do mesmo.

    Então quando procuramos opostos que não podem ser qualificados, procuramos imediatamente uma associação de referência, por isso tanto a goiabada como o presunto "casam" bem com o queijo, por que culturalmente estão associadas, mesmo que não indiquem opostos, mas se atraem em nossa experiência linguística.

    Portanto o falso paradoxo lógico: Presunto = Goiabada expressa uma brincadeira muito interessante que revela como funciona o nosso pensamento analógico, e como a nossa memória é associativa e emocional.

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  2. Leo entendi tudo que vc falou acima! (pela teoria do Matheus não entendi foi nada)

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  3. Gean,

    É que a intenção do Matheus é exatamente nos confundir com o "jogo de linguagem", para creditarmos validade ao paradoxo proposto (que na verdade não existe) por livre associação de palavras.

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  4. misto quente=romeu e julieta

    romeu e julieta = a romance, logo shakespeare criou o misto quente!

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  5. Entendeu e definiu perfeitamente Leo. =]

    uhauhauha, espero que gostem da brincadeira.

    um grande abraço à todos.

    obs: desculpem se fui muito prolixo, mas a idéia era justamente tentar dar base ao paradoxo de forma "pseudo-científica". assim as coisas parecem que ficam com mais fundamento heheheh.

    estou começando um mestrado em semiótica, então os jogos de palavras e significados tem me deixado cada vez mais interessado.

    ah, e a Márcia sacou direitinho a brincadeira!

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