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30 julho, 2012

Mulheres Oníricas 2

Mais Mulheres Oníricas pra vocês.


Penitência

Ela é vermelha, de rosto largo e nariz chato. Com baixa estatura, silhueta rotunda e inegável ascendência indígena. Frustrada sexualmente, reprimida pela culpa esmagadora de sua religião. Faz do hábito seu traje e empunha o terço como ícone de um medo irracional. Quando jovem, sonhava em ser atriz. Nunca conheceu o amor.

Ourives
Ela é amarela, como bronze queimado e areia fina. Olhos adornados e cabelos escuros, tão compridos quanto pode cultiva-los. As mãos são ágeis e os dedos finos, treinados para tecer os fios de sua arte e os prazeres de seu esposo. Usa véu para esconder uma expressão desprovida de afeto, não sabe sorrir mas cansou de chorar. Vê a vida como uma fonte amarga da qual precisa beber todos os dias. Deixaria de bebe-la de bom grado mas seu mundo não permite.

Novelo
Ela é grisalha, enfeitada por algodão e tempo. Com covas e ranhuras empoeiradas lhe moldando a face. Mal enxerga com seus espelhos de opala, mas sorri com a sabedoria de quem espera a morte. Veste-se com pudor e exige o mesmo das netas, ainda que conheça bem cada anseio e desejo feminino. É gentil e diligente, mas trocaria tudo para poder abraçar quem já perdeu.

Luxúria
Ela é comum, sem etnia com que possa se identificar. Usa aparelho nos dentes e óculos de aros grossos, mas nas festas disfarça-se com lábios em beijo e lentes de contato. Veste-se de forma provocante mas odeia ser rotulada pelas linhas que interpreta. Ama sexo sem pudores e chora por qualquer razão. Não consegue ser racional. Vive em busca de um romance poético, mas entrega coração e corpo apenas àqueles que lhe desprezam.

2 comentários:

O Astronauta das Marés agradece profundamente pelos comentários de seus leitores. Cada interação do público com o blog me motiva, ainda mais, a postar novidades e escrever textos de qualidade. Obrigado pela força galera.

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