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26 outubro, 2009

LUZ- Parte I


Eu assisti o amanhecer do primeiro dia,
e acompanhei os nascimentos, um por um.
Nunca houve na história, então escrita,
um agraciado com um privilégio como o meu.

Fui o filho escolhido dentre as hostes,
o mais belo a caminhar em seu jardim,
batizado como a Estrela da Alvorada,
pelo pai, o mais amado e rente à si.

Eu estava lá quando o barro virou homem.
E me indignei quando toda a criação,
resignada, reverenciou o imperfeito,
e em um ato tolo, coroou Adão.

Pois era meu, o dever de ser amado,
e a escolha óbvia do louvor.
Como pudera o universo ter errado?
E não à luz, mas sim à carne ter amor.

Meu pai errou, insurreição foi a resposta.
Desafiei o criador e a criação.
Se não pra mim, o primogênito, viesse a glória,
me recusaria a fulgurar na escuridão.

Vi, pois então, na face de meu mestre,
a dor de um pai, ao confrontar um filho.
Escureci, envergonhado com meus atos.
Arrebatei-me, amargurado, para o abismo.

- Matheus Bueno² Funfas, 21 de outubro de 2009

Um comentário:

  1. e depois vc vem me dizer q n tem identidade???
    =)

    ass: sofia.

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