O dia amanheceu belo. Belo o suficiente para espantar a tristeza e a solidão do coração de um pequenino, mas não menos ilustre morador da cidade grande. Como para a maioria esmagadora das outras pessoas, sua vida não era nada fácil e cada manhã, ensolarada ou não, parecia fazer questão de lhe lembrar desta coincidência absoluta.
Mas sim, havia uma diferença sutil nas manhãs ensolaradas de céu límpido. Dias belos, como o próprio costumava chamar. Pois eram nestes gloriosos despertares que o simples gesto de olhar para o céu fazia valer a pena estar vivo; mesmo com a tristeza e a solidão implantada em seu pequeno coração. A sutil diferença é que os “dias belos” tornavam a solidão em saudade suave e a tristeza em esperança de felicidade.
Desde muito cedo o pequenino aprendeu que o sofrimento e o desrespeito era algo enraizado na vida de cada um. Perdeu seus pais e irmãos quando ainda era um jovem inexperiente. E agora, não tão velho assim para se dizer experiente, sabia que sua sobrevivência, e a da família que formou, dependia muito mais da esperança do que da tristeza.
Dias belos seriam sempre bem vindos. Sempre.
Não que isto os tornasse necessariamente mais fáceis de se enfrentar, principalmente graças à agitação da grande cidade em que o pequenino decidiu fazer seu lar. Alteran, uma cidade verdadeiramente grande por sinal. Talvez a maior do mundo.
Afinal, aquele que amava os chamados “dias belos” mais do que qualquer um sequer amou, não era mais do que, embora não menos ilustre, um pequenino rato.
Um ratinho, em uma terra de dragões.
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