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29 maio, 2007
Tiros no escuro
Lembro de quando eu era criança e assistia desenhos animados aos montes. Não que eu seja menos criança do que eu era, porque ser criança não significa ser imaturo; e não que eu assista menos desenhos animados, mas minha atenção ultimamente tem tido prioridades muito menos divertidas.
Naquela época, entre cavernas de dragões, robôs gigantes de papelão, monstros de borracha, cavaleiros com poderes estranhos e uma imensa gama de bizarrices, havia um tipo de desenho que nunca me chamou muito à atenção. Um gênero fraco, tendencioso, alienante por assim dizer... não que eu soubesse muita coisa sobre isso...
Eram os bangue-bangues - se é que é assim que se escreve.
Nunca achei graça em pessoas atirando nas outras. Não como uma diversão infantil e descontraída. Tudo bem, admito que anos depois "matar carinhas" na tela do videogame se tornou um passatempo indispensável, e assistir os clássicos de Velho Oeste também se tornou bem nostálgico, mas convenhamos... nos tempos de criança?!?
Acabei de ler "Homo Viden", um livro ótimo e de linguagem fluida de um autor Italiano - cujo nome não consigo pronunciar direito -, que trata sobre a interação TV-Homem e suas implicações desastrosa. Por coincidência o primeiro capítulo se trata justamente sobre isso: a incidência de valores distorcidos e A-morais (muitas vezes I-morais mesmo! Sim, há uma sutil diferença nos prefixos...) que fluem direto da mídia televisiva, direta e anti-crítica, para a mente de seus receptores.
Agora parem pra pensar. Crianças VÊEM muito antes de LEREM E ESCREVEREM, seu senso crítico NÃO é desenvolvido, embora sua mente absorva informações através de estímulos visuais. Algo óbvio! Afinal, o aprendizado mais simples é aquele intuitivo, baseado no ver-fazer. Pura repetição de exemplos... e quanto mais banais se tornarem, mais assimilados como "normais" e "aceitos" eles serão.
Isto é o que remete ao título deste post. Tiros no escuro. Tiros - e outras formas de alusão à violência - que preenchem o escuro vazio de mentes em formação. Mentes humanas influenciáveis, vulneráveis, inocentes. Ávidas por informações exemplares à serem seguidas. Analise que diferentemente dos dragões e monstros de desenhos de fantasia, que são temores psíquicos materializados, estamos falando de formas icônicas humanas, praticando a violência pura e simples contra seus iguais. E na maioria das vezes sem sentido... pobres índios... pobres crianças...
Da próxima vez que pensar em ligar a televisão, faça um favor para a humanidade e para seus filhos: ensine-os a ler um livro, de preferência um de fantasia. Com elementos criativos, educativos e que ilustrem a coragem e o respeito necessários pra torná-los pessoas de caráter. Mostre à eles este mundo inteligente e cognitivo da literatura ANTES do besteirol da televisão.
Não é fácil, é verdade... mas é melhor do que ter que ensinar, depois de tanto besteirol, que matar índios não é nada divertido...
Definitivamente, nada divertido.
5 comentários:
O Astronauta das Marés agradece profundamente pelos comentários de seus leitores. Cada interação do público com o blog me motiva, ainda mais, a postar novidades e escrever textos de qualidade. Obrigado pela força galera.
Ah, e comentários que iniciem discussões serão levados adiante, caso o assunto seja de relevância.
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como disse uma vez um colega meu daki da facul:
ResponderExcluir"meu filho, enquanto for pequeno, vai jogar super mario world , e não jogo de tiro".
Verdade verdadeira verídica =)
ResponderExcluirMuito bom o texto mue camarada, nada que uma divulgaçãozinha não amplie as proporções do mesmo.
Não sei como me livrei da tv, se foi com o desenho ou com outros estimulos que tive. No dia em que eu adotar uma filha vou ensina-la a jogar rpg, desenhar e cavalgar.
ResponderExcluircantinho da vergonha: mas vou te uns dvds de sailor moon guardadinhos para ocasiões especiais hehehehe
Concordo com o Marvin!! Dvd de SM sóóó para relaxar!!
ResponderExcluirMas antes os meus rebentinhos vão primeiro conhecer o que é livro!
O pior é que iso não é só na tv... Fiquei indignada o dia que estava com uma amiga numa loja e vi na sessão "infantil" sapato de salto alto e sutiã com bojo para crianças de 4 a 6 anos, achei o fim!
Kissu!
Correção:
ResponderExcluirO nome do livro é "Homo Videns", e o autor chama-se Giovanni Sartori.
Ótimo livro por sinal.