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17 janeiro, 2011

Destino: North Dakota - Parte 1

Tá bom, estou devendo este post há quase um mês... Humm... Na verdade já faz um mês e dois dias, mas antes tarde do que mais tarde, não é?

Como comentei no post anterior, este ano resolvi fazer um intercâmbio pelos Estados Unidos durante o período de férias da universidade. Por que EUA? Sinceramente não sei... Acho que por causa da acessibilidade que o inglês proporciona (chegando aqui, após apenas 3 dias, já descobri que posso trocar o Inglês Avançado do meu currículo para Inglês Fluente) ou pela falta de opções por parte das empresas de intercâmbio.

Por falar nelas, escolhi a World Study de Londrina por ter sido bem recomendada por um conhecido, mas, se querem minha singela opinião, fujam dela como o diabo foge da cruz! De todos os intercambistas que conheci, 90% dos que também vieram por esta empresa dividem a mesma opinião que eu: amadorismo no processo de aquisição de documentos, falta de compromisso para com os alunos e conflitos de informações sobre os trabalhos oferecidos e as cobranças dos planos. Mas claro, a escolha fica a critério de cada aluno...

Passados os transtornos com a companhia, consegui um emprego no Subway, como "sanduícheiro". Mas ao chegar aqui descobri que fazer sanduíche é o de menos... Eu lavo louça, preparo ingredientes, limpo o chão, faço sanduíche, atendo clientes, cuido do caixa e ainda canto  as clientes pra ganhar gorjeta. Até experiência com pães eu já fiz - eu e meu gerente somos os únicos a terem provado o pão de 9 grãos com parmesão, ervas e alho tostado!

Mas deixemos os detalhes do emprego - que confesso ser mais cansativo do que imaginei, embora melhor do que muitos outros (que comentarei mais pra frente) - pra outro post. Neste vou falar um pouco sobre a viagem até aqui...


MAS FUNFAS, AONDE É QUE VOCÊ ESTÁ MESMO?


Se você nunca sequer ouviu falar de Minot não se preocupe. Você não perdeu nada até agora. Eu também não conhecia lhufas sobre a cidade antes de terem me alocado aqui. No começo pensei que fosse alienação da minha parte nunca ter ouvido falar da "3ª maior cidade da Dakota do Norte", mas depois de ouvir um monte de gente rindo da minha cara nos aeroportos e perguntando o porquê de eu estava vindo pra cá, me dei conta de que a cidade não faz muito jus ao título que possui - Minot é conhecida como a Cidade Mágica, mas explico isso mais embaixo.

Pra falar a verdade, os próprios americanos consideram o estado da Dakota do Norte (ou North Dakota) meio que como um Acre... (Não se ofendam acreanos, sua fama é um fato!)

Mas agora sejam sinceros comigo e me respondam sem consultar a internet: vocês sabem o nome da 3ª maior cidade do Acre? Rá!!! Peguei vocês!

Então, apesar do caráter histórico de North Dakota, com personagens extremamente importantes para a história dos EUA, como Lewis e Clark e Sacagawea (nunca ouviu falar dela? Pode se envergonhar agora! Ela está até estampada na moeda de US$ 1,00!), até recentemente o estado não possuía grande destaque na economia do país, tendo sua economia quase que toda focada na agricultura.

Mas há cerca de 20 anos o panorama mudou. A Dakota do Norte, que fica envolta pelos estados de Montana (ao oeste), Minnesota (ao leste) e Dakota do Sul (auto-explicativo), teve sua economia agitada pela descoberta de imensos poços de petróleo (que muitos americanos afirmam ser a maior reserva do mundo... ¬¬). Desde então, as cidades que outrora tinham pouca, ou nenhuma, importância para o resto do país tornaram-se referência de boas oportunidades de empregos.

Uma nota curiosa, apenas para fechar este tópico (que prometo retomar em outra postagem), é que a capital do estado, Bismarck, é muito menor do que a cidade de Fargo, ao leste. E que Minot é chamada de Cidade Mágica por dois motivos: primeiro porque se desenvolveu assustadoramente rápido em apenas 20 anos, passando de "cidadezinha do interior sem ninguém" para "cidadezinha do interior com 45.000 habitantes". E segundo porque ela fica situada em um vale de grande desnível. No passado, quando muitos viajantes estavam há horas/dias viajando pelas planícies da região, sem se deparar com uma alma viva, chegavam ao vale, davam de cara com uma "cidade surgida por mágica". Original, não?


A JORNADA SEM FIM (Ou: As 57h tentando chegar em Minot)

Minha viagem começou em Londrina, Paraná, Brasil, às 8h30 da manhã do dia 13/12/2010, quando minha mãe me acordou com um cutucão e uma cara de preocupação. Ao olhar para a janela entendi perfeitamente o porquê: o céu estava tão escuro que parecia que ia chover fuligem. Até aí tudo bem... Não tenho medo de água, e Londrina nunca alaga. Mas infelizmente, por culpa da prefeitura da cidade, o aeroporto não possui um aparelho que permite pousos e decolagens em climas nebulosos. Ou seja: se chovesse muito ou se o dia ficasse com neblina eu correria o risco de perder meu voo. E adivinha o que aconteceu?

Uma barra de chocolate pra quem chutou que eu quase não viajei por causa disso! Na verdade, o voo que peguei até Congonhas deveria ter saído às 14h, mas teve um atraso de 30 minutos. Pra mim isso foi tranquilo... Um voo antes do meu havia sido cancelado, o que viesse era lucro.

No aeroporto algumas companhias que animaram meu dia e me fizeram ficar mais calmo: minha mãe, minha irmã, meu primos Mari e Ju (considero os dois como meus irmãos mais velhos) e minha avó. Pouco antes do voo sair, tive o prazer de poder dar tchau pra outros três amigos de quem gosto muito: Thainá, Fernando e Euler. Ae, sinto falta de todos vocês! =]


Tenho inúmeras fotos e vídeos da viagem. Mas como ficam muito pesados para colocar todos no blog, coloquei/colocarei no meu orkut e facebook. Dêem uma checada lá.

De Londrina viajei até Congonhas, onde peguei um ônibus para Guarulhos. No aeroporto internacional, em companhia de cerca de outros 15 intercambistas que viajavam pros EUA no mesmo dia que eu, esperei até 00:00 para embarcar para Miami. Até lá foram mais 8h de vôo - e aqui cabe uma pegadinha estranha que fez muitos de nós ficarem confusos: esquecemos completamente da diferença e fusos entre Miami e São Paulo, que é de -3h. Isso fazia com que nossos cálculos de tempo de voo não fizesse muito sentido. De qualquer modo, dormi como uma pedra o voo todo e nem vi as 8h passarem.


Em Miami perdi a conexão para o voo até Chicago. Mas a espera foi de apenas 2h30. Em Chicago fiz outra conexão até Minneapolis e lá teria que esperar até as 23h por um trem. Só que as coisas não deram muito certo...

No intervalo de tempo que ia esperar em Minneapolis, resolvi dar uma esticada até o shopping Mall of America. Peguei o metrô e me mandei pra lá... Má ideia! Alé de sentir um frio desgraçado no caminho eu quase me perdi. Ao voltar para o aeroporto, dei a sorte de encontrar mais três brasileiros, dois que viajariam de avião no dia seguinte (que por sinal estão morando aqui no mesmo hotel que eu, o Felipe "Edward" e o Airton "Bino") e outro que ia pegar o mesmo trem que eu, para ir para a cidade de Williston. O nome desse cidadão é Renan, mas todos aqui no hotel conhecem ele como "Seu Boneco" ou "Nelson da Capitinga", devido semelhanças inegáveis.

Eram cerca de 20h quando resolvemos dar uma ligada para a estação de trem para confirmar nossa saída até Minot (que seria às 23h). A estação Amtrak, a maior rede de trens dos EUA, nos informou que infelizmente, devido a uma nevasca, o trem havia sido cancelado. Ou seja: teríamos que esperar até as 23h do dia seguinte para chegarmos em Minot. Adicionar um dia a mais na viagem...


No desespero, eu e o Renan conseguimos entrar na internet pelo meu notebook e acessar o site da rodoviária de Minneapolis. Descobrimos que havia um ônibus partindo para Bismarck, a capital de North Dakota, às 21h. E isso já eram quase 20h40... Rachamos um taxi na correria, US$ 40,00 até a rodoviária. Uma legítima facada no bolso...

Já na rodoviária, com o ônibus quase partindo, compramos a passagem por mais "míseros" US$ 98,00 até Bismarck... Ao menos economizamos algumas horas de viagem: o trem partiria às 23h (do dia seguinte!) e demoraria 10h até Minot, nós partimos às 21h30 e chegamos em Bismark às 5h da manhã.


O problema foi ficar esperando o ônibus de Bismarck até Minot, que só sai às 16h. Foi nessa hora que eu e o Renan tivemos a ideia mais estúpida do intercâmbio (Mentira! Já fiz coisas piores como dar cavalo de pau na frente de uma viatura da polícia, incentivar uma briga de bar e viajar 90 km para outra cidade enquanto estava nevando...): resolvemos ir para um pátio de caminhoneiros para pedir carona... Resultado: quase perdi os dedos do pé, o Renan quase teve hipotermia, e não conseguimos lhufas de carona nenhuma.

Desventuras à parte, depois de quase 8h pedindo carona na neve, criamos juízo e pegamos o ônibus pra Minot. Lá encontramos outros dois brasileiros, a Angélica e o outro Renan (mundo pequeno, não?). Em Minot, ao chegar na estação de ônibus, demoramos mais 1h30 esperando o táxi até o Guest Lodge.


Sabem o que isso significa? Que eu viajei por 57h ininterruptas! Foram 57h de cansaço, sem comer nada que prestasse, sem dormir direito e sem banho... E isso foi apenas o começo! E se querem saber, estou adorando o intercâmbio. Claro, algumas coisas poderiam ser melhores, mas estou aproveitando o máximo que cada experiência e situação tem pra oferecer. =]

E ao chegarmos ao Guest Lodge, para nossa surpresa nos deparamos com mais de 30 brasileiros e com uma festa rolando. Mas isso já é outra história...


Um enorme abraço pra todos os meus amigos, famíliares e pra todos os leitores do Astronauta que estão/estarão acompanhando o blog com as novidades e registros dessa minha loucura em terras gringas.

Ao longo desta semana, agora que estou com acesso irrestrito à internet, postarei muito mais informações sobre a viagem e sobre as curiosidades daqui. Nos vemos em breve! =D

4 comentários:

  1. ...até que enfim, hein!
    Mas isto nem parece um post....parece mais um capítulo de livro, cheio de detalhes e emoções, descitos de forma leve e engraçada.
    E o mais engraçado pra mim, é que alguns dos "detalhes" que vc cita, conheço por ser uma cinéfila (e, vá, tbm uma historiadora)....por exemplo, Sacagawea do filme Uma Noite no Museu; Fargo do filme de mesmo nome; Minot, terra do ator Josh Duhamel, marido da Fergie; e Lewis e Clark, exploradores da região).
    Mas, (meus) comentários inúteis à parte, devo dizer que adorei o post e não sinto vergonha em admitir que estou com inveja de ti.
    Boa sorte, aprenda muito, curta muito, e continue postando...

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  2. Aleluia

    Achei que já tinham te levado pra Área 51 por ser confundido com um duende-mental saturniano ¬¬

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  4. Eu estava em Dakota do Norte perto de um lugar de nome CanonBall. A referência é meramente geográfica. Humildemente, assim espero, quero fazer um comentário da rodovia onde eu estava na qual li aquele nome. A gente quando pensa em Estados Unidos pensa em grandiosidade e até certos exageros nas construções de rodovias. Os americanos do norte são um povo agraciado com força e inteligência, embora historicamente ficou a desejar um uso mais moderado destes atributos. Mas voltemos à rodovia. Não, a rodovia é racional. Não tem acostamento por não carecer. Mas tem um corpo estradal seguro. Faixas laterais gramadas de solos compactados. Num eventual escape a segurança é razoável. Não houve queima de dólares criando faixas de asfalto que muitíssimo eventualmente seriam usadas. A pista de rolamento é perfeita...:)

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