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19 setembro, 2010

Delírios ao Amanhecer - Landeler



"No fundo do vale Seravir enterrou seu amor. E de todos os sonhos que teria a partir de então, mesmo os mais belos não fariam sentido. A vida tornara-se solitária e cinza.


Seravir sabia que todo homem precisava de uma motivação, e que desbravaria o mundo telúrico e o onírico em busca daquilo pelo qual lutava. Mas naquele momento, sob uma chuva fria e indiferente, o homem à quem clamavam como herói vislumbrou o absoluto vazio do abismo que antecede a solidão.


À sua volta, toda uma nação de desbravadores, formada pelo suor e sangue dos que o seguiram rumo ao desconhecido, jaziam em silencio. Se seu líder não tinha o que dizer, nenhum deles o teria.


E escondido por detrás da chuva, em iguais facetas nos corações dos homens e nas dores das perdas, o Rei dos Sonhos observava. Como ideia imaterial, não compreendia a humanidade, mas tampouco manteve-se impassível diante da curiosa manifestação de pesar. Desejou entender o sofrimento.


Em um pacto inconsciente concedeu aos homens uma parcela de seu poder. O sonhar daria vida a seus filhos, através da vontade de seus sonhadores. Cada um, à imagem e semelhança de seus criadores. Tornaria divina a essência do mundano.


Naquele momento, sem consentimento de ambas as partes, nascia Landeler. E o mundo jamais seria o mesmo..."

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