No livro haviam dragões e fadas, cavaleiros e caravelas, fantasmas e piratas, monstros feios e moças belas. E enquanto a história era contada, o quarto do menino reluzia à luz das velas.
Ele forçava e tentava. Sorria e chorava. Pedia e implorava. Mas por mais que quisesse, Platinum jamais sonhava.
Ouvia o pai terminar histórias, o livro se fechar; e o beijo de boa noite, em sua testa estalar. O quarto ficava escuro, os narradores iam embora, o mundo perdia as cores, e então chegava a hora.
O jovem de olhos claros e mente afiada, sentia os pensamentos vagarem rumo ao nada. E os sonhos... Que sonhos? Tardavam e não vinham. Nem sequer os pesadelos... Não sabia pra onde iam.
Enquanto todos os garotos sonhavam em profusão. Nas noites vagas de Platinum, ressoava a solidão. Os relatos coloridos, as noites de poesia, os mundos divertidos e os milagres da magia.
"Todos pó", pensava. E de si sentia dó.
"Mas um dia vai sonhar", falava o pai. "É só se esforçar um pouco mais."
Mas não iria, ele sabia. Nascera pobre de alegria.
Um menino condenado à viver acordado. À sonhar em sonhar, sem nunca ter sonhado.
- 19/02/2013
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